domingo, 10 de agosto de 2008


E esse é o fim

Ele falava com a boca cheia de hot dog, gritava e fazia aquela cara de sonso dele.
- você tá loca Carolina!Você é Louca!
Agora isso tudo me faz mijar de rir, mas na hora foi horrivel, na hora me deu vontade de sair correndo chamar ele de filho da puta socar a mão na cara dele.Mas eu só conseguia olhar pra aquela cara de merda dele e chorar.E eu esperava pelo dia em que ele fosse sentar a mão na minha cara, e eu fosse voltar correndo pra casa, de malinha rosa na mão.
- Mãe, ele me bateu mãe, manda o pai matar ele!
E no dia seguinte sentada no sofá eu esperaria por ele com as desculpas mais medíocres do mundo, iria perdoar ele depois de ouvir que quem tinha que pedir perdão era eu, iria beija-lo loucamente e fazer sexo loucamente e sujamente como se pudesse resgatar um pingo da dignidade que eu achava que tivesse sobrado.
Eu entendia aquelas mulheres do MADA, diversas vezes eu entrava no site pra seguir as 10 regras principais "só por hoje" , só por hoje eu não vou me rastejar nos pés dele, só por hoje eu não vou esquecer de mim e sair com minhas amigas, só por hoje eu não vou deixar as pessoas me esperando e me procurando enquanto eu rodo a cidade inteira de táxi a procura dele, enquanto ele dorme na cama quentinha dele e eu ando correndo no frio curitibano de sapato na mão.
Eu era patética, meu amor por ele era patético, era uma obsessão e dóia mais do que a abstinencia de pó, eu cheirava ele todas as horas, todos os segundos eu queria mais dele, dele dentro de mim, como se preenchesse algum vazio que eu perdi durante meus 18 anos de vida.Eu tinha overdoses e mais overdoses dele e não morria.E aquilo estava me tirando de mim, estava me transformando numa pessoa desconhecida, não era eu, era minha obsessão materializada em forma de carolina, 1.57, 48kg e cabelos pretos.
Eu era chata, eu era mimada, eu achava que carregava estrelas nos pés e que minha felicidade estava trancada em alguma salinha do coraçõo cheio de alfinetes dele.E ela ficava alí se espetando cada dia mais, me matando me fazendo chorar e ser a namorada mais insuportável do mundo.A culpa não era minha.Era dele.Só dele.
Quando eu penso em alguma coisa pra definir meu relacionamento com ele...só consigo pensar que era um câncer, um enorme câncer.Eu entendia as mulheres do mada, eu entendia todo mundo, exceto eu.